Promotor
Teatro Municipal Joaquim Benite
Breve Introdução
Para montar um texto de Gil Vicente nunca antes levado à cena, a CTA une-se à companhia espanhola especializada no teatro pré-barroco que se chama, justamente, Nao d’amores. Para Ana Zamora, baptizar o seu grupo com o nome de uma peça de Mestre Gil consistiu numa “declaração de princípios e, ao mesmo tempo, numa metáfora em redor daquilo que se supõe que seja o devir apaixonado de uma companhia teatral”. Escrita em 1527 para celebrar o regresso a Lisboa de D. João III e da sua jovem esposa, Catarina de Áustria, refugiados devido à peste, em Nao d’amores intervêm, como personagens alegóricas, a própria cidade de Lisboa e, num navio conduzido pelo Amor, um Frade doido, um Pastor castelhano, um Negro, um Velho apaixonado e dois Fidalgos portugueses.
Notas Suplementares
Ana Zamora, a encenadora de Nao d’amores, estará à conversa com o público no próximo dia 29 de Outubro, às 18h, no foyer do TMJB, acompanhada pelos investigadores do Centro de Estudos de Teatro da FLUL José Camões e Manuel Calderón Calderón.
Assistir à mais recente criação da Companhia de Teatro de Almada implica recuar no tempo e entrar em contacto com a língua, a música e a dança do século XVI. Na próxima Conversa com o público partimos à descoberta do trabalho de investigação que antecedeu todo o processo criativo por detrás de Nao d’amores com a ajuda da encenadora Ana Zamora. Os investigadores e professores universitários José Camões e Manuel Calderón Calderón poderão falar-nos, por sua vez, do teatro daquela época, no âmbito do qual Gil Vicente se destacou como poucos, bem como das circunstâncias que envolveram a escrita e a estreia desta tragicomédia, no longínquo ano de 1527. Finalmente, não deixarão de estar em cima da mesa os problemas relacionados com a actualização moderna deste tipo de textos – que se reflectem, sobretudo, na escassez de montagens de teatro pré-barroco em Portugal. Mas qual é a situação no país vizinho? Trata-se de um exercício de arqueologia difícil, cuja repercussão junto do público contemporâneo faz com que não valha a pena o esforço? Existem directrizes para fazê-lo bem? E, afinal, que diríamos nós de um teatro que só vivesse nos livros?
Encenador
Ana Zamora é licenciada em Encenação pela RESAD. Como encenadora independente, já trabalhou no Centro Dramático Nacional (2009), na Compañia Nacional de Teatro Clássico (2006), no Teatro de la Abadía (2003), no Teatro de Zarzuela de Madrid, onde dirigiu a Cármen, de Bizet, no Outono de 2014. O seu percurso teatral valeu-lhe já os seguintes prémios: Prémio Fuente de Castalia (2012); Prémio Nebrija a Escena (2011); Melhor Encenação dos Prémios de Teatro de Rojas (2010); Prémio Ojo Crítico de Teatro (2008); e Prémio da Asociación de Directores de Escena de España para Melhor Encenação (2008).